Vamos tomar um café?

“Negro como o demo, quente como o inferno, puro como um anjo, doce como o amor.”

(Príncipe de Talleyrand – Político e restaurateur – 1754-1839)

Falar sobre o café exigiria um livro inteiro, há muito o que se falar sobre ele. Desde sua origem nas terras da Etiópia, bem antes da era cristã, várias lendas e histórias são contadas para entender a transformação dos pequenos grãos em uma bebida estimulante, apreciada em todos os cantos do mundo. 

Passaram-se séculos até a produção do café ser em escala comercial. Os primeiros usos foram em cerimônias religiosas ou receitados por médicos para tratamento de uma grande variedade de problemas. Até meados do segundo milênio, países do oriente consumiam, em larga escala, uma bebida feita a partir dos grãos de café e, nesse período, surgiu a primeira cafeteria na Turquia. Mas o hábito de beber socialmente começou na Arábia, tanto em casa como em locais públicos, a qualquer hora do dia, buscando desfrutar de uma conversa, jogar xadrez ou outro jogo qualquer, cantar, dançar, divertir-se com o pretexto de beber café, passando a fazer parte da vida dos cidadãos do Oriente Médio. Com as guerras, os exércitos – que também recebiam sua cota da bebida – propagaram o hábito na Europa. Muito estimulante, foi aceita por onde passou abrindo caminho para a instalação das cafeterias, onde era possível conversar sobre qualquer assunto. 

A disseminação do café e das cafeterias abriram caminhos para a comunicação e interação social, misturando todo tipo de pessoa – políticos, artistas, comerciantes, estudantes, gente do povo – democratizando os contatos sociais e a exposição de opiniões. Na Europa, o café era considerado como uma especiaria e um artigo de luxo. A influência do café foi bastante acentuada e muitos líderes – religiosos e reis especialmente – tentaram banir essa bebida negra e não conseguiram, os esforços foram em vão pois ela já tinha se instalado em todos os lugares. 

O sucesso inicial do café tem, entre outras, uma explicação interessante. Sempre foi evidente o efeito indesejável do vinho e da cerveja nos homens e a substituição destes pelo café passou a ser uma alternativa aprovada por muitos já que proporcionava meios de socialização sem o temor das consequências do uso de bebidas alcoólicas. 

O café começou a ganhar a forma mais moderna no período da Revolução Francesa pois, com o aumento do consumo, criou-se a necessidade de melhorar e acelerar o processo de preparo. Começaram a surgir moedores e máquinas que permitiam preparar muitas xícaras em menos tempo. 

Segundo a história, foi Francisco de Melo Palheta quem trouxe a primeira muda para o Brasil, contrabandeada da Guiana, em 1727, e começou seu cultivo nas terras do Pará. Na sequência, as mudas chegaram ao Rio de Janeiro dando início a um novo e importante ciclo econômico. Foi o principal produto de exportação do século XIX  dando espaço para o aparecimento dos Barões do Café, com a colaboração imposta aos escravos, que eram a fundamental força de trabalho nas fazendas cafeeiras. A cultura e produção do café passou por muitas guerras e muitas crises e o Brasil continua sendo um dos principais exportadores desse grão. 

Não importa se é coado ou se feito em máquinas. Pode ser gelado ou quente. Há quem prefira o ‘chafé’ americano ou o ristreto italiano. Puro ou com leite. Tem saborizado. Com ou sem açúcar. Presente em bolos, cremes, sobremesas e drinks, seu sabor é irresistível.

Pode ser o cafezinho na hora da pausa do trabalho, ou aquele digestivo no final da refeição, pode estar no convite para uma conversa ou reencontro, o  “Vamos tomar um café?” faz parte, prazerosamente, de nosso dia a dia. 

Está sentindo o cheirinho do café que estou fazendo? Chegue mais…