Você já se imaginou num barzinho, com amigos, pedindo uma porção de grilos acebolados? Ou num jantar elegante, acompanhando um bom vinho, onde o prato principal é uma massa com molho de ovos de formiga?
Se você sentiu alguma sensação estranha ou de repulsa em pensar nisso, saiba que logo esse cardápio chega aqui. Verdade!!! Vamos aos fatos.
A população do mundo cresce a olhos vistos e, muito em breve, a produção de alimentos – vegetais e animais – que vêm consumindo as energias da terra, não será suficiente para as 9 bilhões de pessoas previstas para 2050. A pecuária, que fornece a maior fonte de proteínas, não conseguirá suprir as necessidades dos seres humanos e, logo mais, a terra estará exaurida de seus nutrientes. As agressões ao meio ambiente que levaram ao aquecimento global, englobam a agropecuária e, o uso da terra, deve passar por muitas mudanças e novos modelos deverão ser implementados. Certamente, essas alterações gerarão novas formas de elaborar um cardápio equilibrado.
Voltando aos insetos, a FAO (Organização para a Alimentação e Agricultura, da ONU) pesquisa e sugere que os insetos devam ser utilizados como reforço da alimentação. As justificativas são bastante interessantes e factíveis. Na natureza existem cerca de 1900 espécies comestíveis de insetos. Eles não fazem mal à saúde e são ricos em proteínas – 80% de seu corpo! -, vitaminas e sais minerais. Outro ponto fundamental, e que reforça esses estudos, é que os insetos podem ser criados em fazendas, mais fáceis de estruturar, bem menos custosas e muito menos poluentes se comparados à pecuária tradicional. A natureza agradece pois é uma alternativa sustentável e viável.
O consumo de insetos vem desde a Grécia e Roma antigas quando besouros e gafanhotos eram consumidos por muitos. Atualmente, a entomofagia – comer insetos – está presente em diversos países do sul da Ásia, África e América Central. Basta procurar na internet e pode-se encontrar fotos e receitas de frituras, molhos e outras tantas formas de apresentação desses pratos. E já existem chefs espalhados pelo mundo buscando inserir esses pequenos animais em seus pratos de alta gastronomia. O nosso mais famoso chef, Alex Atala, é um deles. Colabora com a FAO e defende a expansão desta outra cultura de alimentação. Ele dá um bom exemplo. O mel que consumimos nada mais é do que o vômito da abelha. A cochonilha é um pequeno inseto parasita de plantas cujos ovos são usados como corantes na indústria alimentícia e cosmética. No Brasil há tradição no consumo de formigas, tanto no norte e nordeste, quanto no interior de São Paulo. Alguém já provou a tradicional Farofa de içá?
Existem vários projetos para a criação e consumo de insetos. Além dos tradicionais fritos – e crocantes – eles podem ser usados em barrinhas, moídos e transformados em farinha para enriquecer pães e bolos, ou ainda processados e usados para a alimentação do gado.
A questão cultural para a aceitação desse alimento é um dos fatores que dificultam a implantação desse programa. Há muita rejeição e preconceito que se baseiam na premissa de que comer inseto é um comportamento primitivo e de que é um alimento ‘sujo’. Talvez as novas gerações sejam mais propensas a aceitar essa mudança de hábito.
E que tal um desses pratos?
– Yakissoba de insetos
– Risoto aos 4 insetos
– Omelete de besouros
– Morangos ao chocolate com larvas de moscas