Athos, Porthos, Aramis. E D´Artagnan, claro. Quem não conhece os três mosqueteiros que se tornaram quatro? Amigos fiéis, exímios espadachins, bravos lutadores e dedicados defensores do Rei e da Rainha. 

Essa história de capa e espada, Os três mosqueteiros, que se passa no século XVII é uma das mais famosas do mundo e continua encantando crianças, jovens e adultos. Seu autor, Alexandre Dumas, o pai, foi um grande romancista e dramaturgo francês que, além desse, escreveu outro grande clássico da literatura que todos conhecem: O conde de Monte Cristo. Neto de um marquês e filho de um general, foi em Paris que começou a escrever artigos e peças de teatro, dedicando-se depois aos romances. “A maior façanha de Dumas foi a composição de um incrível painel romanesco da história da França, cuja grande originalidade reside na narrativa de ação/suspense e na força de diálogos eletrizantes.” (André Telles). Transitava entre os grandes de Paris, à época,  desde políticos, artistas, escritores e chefes de cozinha, gourmands e gourmets – Vitor Hugo, Balzac, Delacroix, Liszt, Talleyrand, Carême. O fato é que, além dos romances e peças de teatro, ele escreveu biografias, memórias, livros de viagem e foi um expert em gastronomia.

“Pantagruélico no que se referia à literatura, não menos o foi na vida. Grandalhão, de verve inesgotável, sucessivamente milionário e falido, adepto dos haréns, capaz de rasgos impetuosos e teatrais, o romancista não deixou de aplicar essa ânsia de viver ao universo da culinária. Porém, como era de seu feitio, não se contentou em ser um autodidata gastronômico na vida cotidiana e social, tendo logo projetado escrever um livro sobre o assunto.” (escreve André Telles na apresentação do livro Memórias Gastronômicas, de Dumas). O livro de cozinha – Grande Dicionário de Culinária –, escrito por Dumas, é citado até hoje como fonte histórica pelos experts. 

Em diversas crônicas, comenta e critica as alegrias de comer e beber. Refere-se aos hábitos alimentares desde os seus contemporâneos, pessoas ilustres ou desconhecidas, até a macieira de Adão e Eva, passando pelos gregos, pelo Renascimento e por Bonaparte. Acreditava mais nas suas produções sobre gastronomia do que a literária. Disse: “Queridos leitores, rogo a Deus que lhes resguarde o apetite, o estômago – e os poupe de fazer literatura…” e também: “Minha reputação culinária…promete apagar minha reputação literária. Louvado seja Deus!”.  Evidente que este pensamento não se tornou realidade. Ao contrário, ele é pouco conhecido e citado como gastrônomo e seus romances literários se transformaram em grandes sucessos, até hoje.

Justiça seja feita. Ficam aqui as reverências ao Dumas, pai, grande conhecedor, apreciador e escritor das coisas de comida. “Escrever bem é difícil, mas saber jantar bem é cem vezes mais difícil.” Alexandre Dumas

Indico:

Memórias Gastronômicas – Alexandre Dumas – Jorge Zahar Editor – 2005

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