Por Cristina Bonnafé
Com um rabisco disforme, comecei a traçar o mundo. Era uma jovem criança ao ingressar no universo das letras; por ele engatinhei e aprendi a caminhar entre linhas e grafemas. Consegui identificar meu nome que, assim simbolizado no alfabeto, passava a ter um significado grandioso. Logo descobri que a leitura e a escrita podiam dar representação para sentimentos e para ações.
A partir daí, a viagem não teve mais fim. Este despertar aguçou minha curiosidade na infância e se mantém instigante, perdurando em todos os momentos de minha vida, pois me leva a descobertas em um abrir de olhos. Encontro páginas preenchidas pelo saber da humanidade e meus olhos brilham luzes que ascendem à consciência. Páginas que me possibilitaram a conquista de uma profissão e a atualização contínua de conhecimentos e experiências. Tornam-me capaz de apreender a ciência do que nos cerca e de compreender melhor os acontecimentos do mundo. Permitem a surpresa de descortinar os sentimentos que borbulham recônditos no coração e se expõem destemidos nas palavras escritas dos poetas.
Passam a fazer parte de minha vida livros em todos os seus formatos possíveis. Antes eram sempre impressos em papel e continuam sendo estes os meus preferidos. Mas, hoje, temos também os e-books para ampliar ainda mais as oportunidades de leitura. Proveitosos também são os audiolivros que possibilitam a leitura a quem não pode ver, assim como os impressos em braile destinados a quem tem deficiência visual e domina este código gráfico. Livros diversos que traçam viagens fantásticas por nosso planeta ou por outras galáxias, por corajosa ousadia de heróis que nos deram a vida, pela história de personalidades que proporcionam avanços em várias áreas, por universo vegetal e animal, por meandros de amores e relacionamentos, pelo interior de mim mesma.
A vida humana em nosso planeta é dividida em “pré-história” seguida da “história propriamente dita”, tendo como marco divisório o desencadear da primeira forma escrita. Assim também é a história humana pessoal. Desde o limiar de sua primeira incursão em decifrar o conteúdo da escrita, todo indivíduo terá sempre uma nova história a contar de si próprio a partir do cultivo de seu conhecimento do mundo por meio da leitura. Cada livro é mais um degrau conquistado nesta escalada do saber.
Como bem refere Mario Quintana: “Livros não mudam o mundo. Quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. Se quisermos tornar o mundo verdadeiramente melhor, que tal começarmos a empreender esta melhora com a leitura de bons livros que nos conduzam a questionamentos e reflexões, em um grande mergulho em nossa consciência, permitindo-nos, de fato, vislumbrar e trabalhar para a construção deste mundo ideal?!
Seguindo nesta trilha para o alto, podemos nos esbaldar. Ávidos para serem abertos e decifrados, milhares de livros estão nas livrarias e bibliotecas esperando por todos nós.
Cristina Bonnafé – Fonoaudióloga e escritora
Parabéns Cristina! Texto muito bem escrito. Boas leituras trazem reflexões que podem nos tirar do escuro da ignorância! Sucesso!
Humberto, Elena, Odila e leitores, agradeço seus comentários muito pertinentes, satisfeita por suscitar reflexões… Afinal, não é este o objetivo da leitura?!
Grata também pela oportunidade da presença neste Blog que tanto admiro.
Nós agradecemos sua brilhante contribuição
Salmon, obrigada por seu comentário muito lúcido com o qual concordo totalmente.