Por Ana Flavia Martins
“Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia…tudo muda o tempo todo…” canta nosso poeta Lulu Santos.
De fato, tudo muda: a vida, as relações, as pessoas, nosso corpo, nosso olhar, nosso ouvir… Nosso sistema auditivo por exemplo! Nascemos, via de regra, com uma audição que nos dá acesso ao mundo. Por ela conhecemos o som da voz dos nossos amores e desamores, a música que marca uma circunstância ou alguém que passou por nossas vidas, o som de alguém brincando na chuva ou da tempestade, o som que nos paralisa pelas memórias ou por segurança. Sons que vão contribuindo na construção de cada um de nós.
O tempo, implacável, traz uma degeneração inevitável. Dizem os estudiosos que a partir dos 35 anos nossa audição começa a mudar! Em algumas pessoas mais, em outras menos e isso tem um caráter familiar bastante decisivo. Uma mudança gradativa e lenta que acomoda com o passar dos dias e coloca nossa segurança em uma perigosa zona de conforto.
Dentro de uma sequência de sons comuns ao ouvido humano, os agudos são os primeiros a sofrerem um prejuízo. Aquele som da sirene na rua, do sinalizador de ré, do alarme da garagem se abrindo vão ficando distantes e com isso o aviso que é um tempo que precisamos de mais atenção. Atenção ao atravessar a rua, aos sons de alerta, ao papo na roda de amigos para não ficar de fora! Por outro lado, é tempo que a audição é filtro, é lembrança que nos fortalece (até hoje ouço a voz de meu pai que já se foi), ferramenta que nos torna melhores para nós mesmos!
Então a vida passa, tudo muda o tempo todo…. nossa audição que um dia ouviu agora escuta! A acuidade diminui mas a compreensão aumenta e então é hora de usar tudo que se aprendeu… nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia mas basta prestar a atenção e perceber que o que era bom pode ser ainda melhor para nós!
Ana Flavia Martins, fonoaudióloga desde 1994, especialização em Voz em 1996, mestrado em 2002, na Dibel de 1995 à 2008 lugar em que aprendi a ter “outros olhares”. Formada em Direito em 2002. Atualmente atua em gestão de saúde e segurança ocupacional nas empresas Embraer e Manserv.
