Por Humberto Mariano
Lembranças de Mãe
Por destino e felicidade, tive mais que uma mãe. Umas quatro ou cinco. Por que a indefinição da quantidade? Afinal, mãe é mãe, não é algo de que se tenha dúvida. Explico: a indefinição é para não diminuir, nem magoar, grandes mulheres, importantes e queridas.
Apenas com uma delas não convivi, ou convivi tão pouco, que não restaram lembranças físicas e mesmo emocionais, por triste que isso possa parecer. Dela, guardo, além do seu nome em todos os meus documentos, a lembrança de um retrato na parede, visto uma única vez há muito tempo. Traços fortes, sérios, aparentando uma doce severidade, por sinal, características de todas as minhas mães. Ficou, ainda, a dúvida, para a qual nunca busquei resposta: por que essa aparente força terminou em tão trágica e definitiva fragilidade? De que me adiantaria essa resposta?
No entanto, felizmente, tenho muitas lembranças de mãe. Mãe mesmo. Aquela única, de quem todos nós temos todas as lembranças, esteja ela onde ela estiver e passe o tempo que tenha passado. O nosso primeiro modelo de humanidade, nosso primeiro pensamento ao conhecer nossos filhos, nossa primeira imagem nos momentos de vitória e nosso primeiro refúgio diante das derrotas e perdas. Não ficam apenas os conselhos, que um dia desdenhamos. Ficam lembranças tão vivas e fortes, que não é errado, nem lugar comum, dizer que elas não morrem. Na verdade, elas se afastam, sem nunca ir embora, depois de anos de entrega e dedicação, para que a gente possa aprender sozinho e dar continuidade às gerações.
Aqui em casa reclamam que minha mãe não me preparou para a vida. Que não sei fazer nada que seja prático e útil. Verdade e mentira. Verdade, eu não sei fazer nada que demande usar qualquer outra ferramenta, que não seja caneta, garfo, faca e colher. E facas, só as de mesa. Culpa da minha mãe? Mentira.
É certo, porém, que seus excessos de cuidados, medos e a certeza de que a educação era o melhor de todos os caminhos, colocavam-me sempre na mesa de estudos, em companhia de livros e cadernos. Eu, menino, pouco fui à rua para brincar, menos ainda para trabalhar, onde, talvez, tivesse aprendido algumas coisas boas e más. Também, não nadei e pesquei em rios, não cacei rãs e passarinhos e, tampouco, joguei bola na rua tanto quanto eu queria.
Ela estava certa ou errada? A gente agora sabe que a resposta só vem com o tempo. O que sei é que tudo aquilo que ela restringiu, nunca me fez falta. No entanto, a sua obsessão pelos meus estudos; seu cuidado excessivo com minha saúde e fragilidade (ao ver dela), tratadas com os terríveis chás de losna e espinheira santa; sua alegria em ver minhas raras boas notas; seu orgulho em me ver de camisa de manga comprida, abotoada até a gola e o cabelo cortado bem curto como um soldado americano da II Guerra, disso eu nunca esqueci. Tudo isso fez de mim a pessoa que sou: um homem quase realizado.
Tentou ensinar-me a crer e a rezar. Praticando todas as noites da primeira infância, de mãos postas entre as dela, decorei apenas a Ave Maria e o Pai Nosso. Esqueci a fé em alguma gaveta perdida. Devo-lhe as minhas qualidades; os muitos defeitos eu os adquiri em outros lugares e tempos. Viveria tudo de novo. Amaria-a ainda mais.
Por Odilia D´Angelo
Mãe só muda de endereço
Ela chegou ao Brasil já com uma filha pequena nos braços. Vinha encontrar o marido que tinha chegado dois anos antes. Absolutamente tudo desconhecido. Língua, comida, costumes, cultura. Deixou tudo para trás, lá na Itália. Sabia ler e escrever minimamente, em italiano claro, e fazia contas.
A Concetta, assim todos a conheceram, teve que se virar nos trinta. Como era uma mulher determinada e sabia o que queria, não mediu esforços para conquistar seus objetivos. Foi uma mamma firme, dedicada, sem mimimis. Trabalhava até a exaustão e o cansaço passava logo, tinha que passar. Tudo tinha que ser bem feito, ir além da capacidade. Pra ela, para os filhos e para todos.
Amorosa não no sentido de mimos. O seu amor sempre foi demonstrado no quanto se dispunha a fazer tudo para melhorar a nossa vida. Foi estimuladora de todos que quisessem trabalhar e ‘aprender a viver’, colocava limites e repetia conselhos – afinal, tinha cacife pra isso, ela venceu. Não negava apoio a quem lhe pedisse socorro.
Muito alegre e sorridente, adorava jogar baralho, gostava de festas, conversava com todos. Por onde passou, e quem passou por sua vida, ficaram lindas lembranças e grandes ensinamentos. Vizinhos, fregueses, amigos, colegas da escola ou do trabalho, e todos que a conheceram têm algo a contar dela.
Foi e ainda é meu exemplo de vida, meu modelo de conduta. Quando eu era mais jovem, diziam que me parecia muito com ela. Agora, já passados alguns anos, meu temperamento e conduta são comparados aos dela. Mas há que se fazer justiça. O aspecto físico é genético mas, na vida, personalidade e conduta a gente aprende com o que vê e convive. Tenho orgulho de ser, um pouco, como ela.
Como me lembro dela!
Foi, e ainda é, meu exemplo, minha maior apoiadora e incentivadora. Aos 93 anos, lúcida, pouco antes de nos deixar, disse: “Sofri muito mas sou feliz com o que fiz e com a família que criei”.
O orgulho que tenho em ser filha dela é infinito. Mas quem não tem uma mãe pra chamar de sua, uma mãe que lhe dê vida e ensinamentos? Uma mãe carregada de amor, carinho e dedicação?
Mãe é tudo igual e só muda de endereço?
Por Elena Santos
Gratidão
Na minha opinião, mãe não é quem gera, quem carrega um bebê no ventre por nove meses. Ser mãe vai além, vai muito além até da própria vontade de muitas mulheres, que acreditam que só se realizarão com um filho.
Ser mãe é um dom, que nem todas as mulheres têm, mas eu me considero uma pessoa muito privilegiada pela mãe que recebi de Deus.
Minha mãe, Maria Amélia, hoje com 91 anos de idade, é um exemplo para todos que tem o prazer de conviver ao seu lado. Ela sim dignifica essa palavra.
É perfeitamente lúcida, inteligente, honesta ao extremo, amorosa, dedicou toda a sua vida à família, demais até eu acho, mas ela cumpriu o que considero uma missão e saiu vitoriosa.
Infância humilde, no interior de São Paulo, no campo, com poucos recursos, e diante de problemas de saúde da sua própria mãe, ela foi assumindo muitas responsabilidades desde os sete anos de idade, quando passou a cuidar dos irmãos mais novos.
Ela ajudou a criar seus irmãos e o fez com tanta competência que sempre foi devidamente reconhecida e amada. Inteligente, não chegou a concluir o ensino fundamental, mas é sábia, aprendeu com a vida, e sempre fez questão de educar todos da melhor maneira, dentro e até fora de seus limites.
Teve seis filhos, perdeu dois deles ainda bebês, sofreu como todas as mães, mas ajudou e abrigou inúmeros outros filhos que não eram seus. Primos que vieram do Nordeste para tentar uma vida melhor em São Paulo, e foram muitos.
Acolheu a todos, aconselhou, abrigou temporariamente, amou, deu-lhes a oportunidade de encontrarem um caminho e deixou em todos a sua marca, seu carinho, seu respeito. Teve outros que abrigou até a fase adulta e que lhe consideram realmente uma mãe. Ela merece.
Não bastasse isso, ainda ajudou a cuidar dos netos, e até hoje se preocupa com todos, quer ajudar e oferece sempre o que tem de melhor, o seu amor.
Não existe presente que valha tudo o que fez e faz por nós. Existe o amor incondicional que sentimos por ela, o orgulho que sentimos pela pessoa que é, a gratidão por tê-la ao nosso lado.
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Eu homenageio todas as mães da minha vida..a minha mãe, irmãs, cunhadas, primas, tias, amigas, sobrinhas, país que foram e são mais do que mães, todos merecem o meu respeito… a todos e todas a minha reverência
Lindas e emocionantes histórias! ❤
Todos temos histórias lindas das mães!! Parabéns a todas as mamães!!
Como disse a Odilia, hoje, só emoção.
Lindas histórias, linda homenagem! ❤
Sempre emoção quando falamos de Mãe.
Falar de mãe é cassino mesmo, só emoção!
Verdade, minha tia Maria Amélia, foi e é de grande importância na minha vida. Sempre considerei minha avó Adelina como mãe, mas hoje em dia sei que minha tia foi também mãe . Te amo Tia Maria Amélia.
Mãe é também quem cuida
Parabéns às mães que foram mais carinhosas do que violentas; que afagaram mais do que espancaram; que mais abençoaram do que praguejaram. Essas serão para sempre lembradas com carinho. Às mães violentas e sem amor não merecem menção.
Mãe é e será sempre a Mãe, mesmo que não a ideal ou a menos preocupada.
Verdade…tanta notícia triste de mãe espancando filhos até a morte! ainda indefesos.
Que linda homenagem!
Muito merecida!!
Hoje, só emoção!