Que atire a primeira pedra quem não tem algum remédio em casa, quer seja uma daquelas farmacinhas caseiras pronta para socorrer e aliviar alguns sintomas no meio da noite ou alguma indisposição imprevista, quer algum medicamento de uso intermitente ou contínuo. O fato é que remédios fazem parte da vida e cuidar deles também pode ajudar a prevenir doenças.
Muitos tratamentos indicados pelos médicos exigem, por falta de opção, que se comprem embalagens com uma quantidade maior do que a necessária, em outras ocasiões o remédio melhora os sintomas mais rapidamente e não é mais necessário ou, por algum motivo específico, deixamos de tomá-lo. Vemos, então, as inevitáveis sobras. O remédio vai para a gaveta ou para o armário do banheiro e fica à espera que alguém dê um fim nele.
Quando, num dia qualquer, alguém precisa de um determinado remédio ou quer fazer uma limpeza, encontra o tal remédio…VENCIDO! O que fazer com ele?
Uma questão pouco discutida é a forma de descartar medicamentos que sobram ou que estão fora da validade. A grande maioria das pessoas elimina este problema de duas formas: ou colocando no lixo ou jogando o conteúdo no vaso sanitário. As duas saídas são incorretas. Todo medicamento tem componentes químicos que, quando em contato com a água ou o solo, podem se tornar tóxicos. Então, quando o medicamento é jogado no lixo ele acaba por chegar aos aterros sanitários podendo contaminar o solo e, consequentemente, a água quando atinge os lençóis freáticos. Podem contaminar também as pessoas que manuseiam esse lixo ou crianças e animais que, atraídos pela cor ou pelo cheiro, ingerem aquelas bolinhas e ficam expostos à possibilidade até de intoxicação.
Já o descarte na rede coletora de esgotos gera também um grande risco para o meio ambiente. A forma como é feito o tratamento do esgoto não chega a eliminar todas as substâncias químicas contidas nesses produtos conseguindo apenas atenuar sua ação. Existem muitas pesquisas e estudos referentes aos danos que o descarte inadequado de medicamentos podem causar e já é certo que o impacto é grande. Quando antibióticos são descartados inadequadamente podem tornar as bactérias mais resistentes a eles e já foi constatado que anticoncepcionais, que chegam pela água a peixes, estes podem perder a fertilidade. Se somarmos um pequeno comprimido descartado no ambiente ou no esgoto por cada habitante, dá pra imaginar as consequências.
O que fazer então?
Para os medicamentos não utilizados, e ainda dentro da data de validade, existe a possibilidade de doação. Inúmeras instituições têm a possibilidade de avaliar esses remédios e constatar a possibilidade de utilizá-los, mas não é o mais indicado. Existem ONGs que aceitam essas doações e fazem a triagem do que recebem para depois encaminhar a instituições ou pessoas que deles necessitam.
Tanto para os medicamentos dentro ou fora da validade, a melhor forma de descarte é depositá-los em pontos de coleta específicos, encontrados em várias farmácias e drogarias, e também em postos de UBS que recolhem e direcionam para o descarte correto e seguro.
Existem outras formas de se evitar o descarte de remédios: prescrição correta do medicamento, não interromper o tratamento por conta própria, não comprar medicamentos sem necessidade ou orientação médica, comprar apenas o necessário.
É preciso ter boa vontade para fazer o correto. O Brasil é um dos maiores consumidores de medicamentos do mundo mas ainda não existem campanhas de orientação para o descarte seguro. É a partir do cidadão consciente que muitos problemas podem ser resolvidos. Então, espalhe esta informação.