Entre o final do século XIX e começo do século XX, a cidade de São Paulo passou por um momento significativo no desenvolvimento industrial. Grandes empresas de vários setores foram chegando à cidade e trazendo junto pessoas do interior, de outros estados e imigrantes de vários países.
Eram tantos trabalhadores que algumas empresas começaram a construir vilas, com incentivo do governo, para facilitar a locomoção de seus operários. Assim começaram as vilas da Capital, instaladas em várias regiões, em bairros como Bom Retiro, Brás, Belém, Moóca, Ipiranga, São Miguel, Ermelino Matarazzo e Lapa, entre outros, sempre ao lado das indústrias.
Com o passar dos anos, mesmo com o deslocamento das empresas, algumas dessas vilas permaneceram e existem até hoje, foram tombadas pelo Condephaat, e resistem à ação das incorporadoras imobiliárias. São vilas simpáticas, muitas com escolas, creches, ambulatórios, igrejas, uma atração à parte nas ruas da Capital, sendo inclusive consideradas pontos turísticos porque fazem parte da história de São Paulo.
A Vila Economizadora, no bairro da Luz, tem pouco mais de cem anos. Fica entre a Av. do Estado e a Rua São Caetano, englobando cinco ruas, cujos nomes são dos sócios das empresas que financiaram o projeto. Foi construída também em meio a esse processo de industrialização e se torna mais importante porque revela a história da classe trabalhadora.
Outra vila muito conhecida é a Vila dos Ingleses no bairro da Luz. Não se enquadra como vila operária, pois não foi construída por uma empresa para os seus funcionários. É uma vila residencial, composta por 28 casas assobradadas construídas entre os anos de 1915 e 1919, e que serviram de moradia para os engenheiros ingleses que trabalhavam nas obras da Estação da Luz e da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. A partir de 1930 a vila passou a ser habitada por famílias paulistanas e na década de 1950 foram usadas como pensionatos católicos e clubes de funcionários federais. Atualmente, a simpática vila, cheia de charme, abriga escritórios e até um restaurante.
Inaugurada em 1922 a Vila Itororó, entre os bairros da Liberdade e Bela Vista, foi moradia de diversos imigrantes no auge da produção de café em São Paulo. Depois do tombamento pela Prefeitura e pelo Estado, em 2002 e 2005 respectivamente, a vila passou a ser considerada de utilidade pública e, a partir de 2013 começou a ser restaurada. Atualmente abriga o Centro Cultural Vila Itororó.
Inaugurada em 1917, a Vila Maria Zélia começou a ser construída em 1912 com o objetivo de abrigar famílias de trabalhadores da Companhia Nacional de Tecidos da Juta. Foi projetada pelo arquiteto francês Paul Pedraurrieux, que se inspirou em vilas estrangeiras. Atualmente, a vila enfrenta problemas estruturais, as casas já sofreram mudanças e alguns imóveis mantém suas características, mas estão abandonados. Os moradores das cerca de 150 casas do local se organizam para tentar evitar a ação das construtoras.
Certamente, a maioria dos habitantes da Capital já passaram pelo menos uma vez por essas vilas, sem saber da sua importância para a nossa cidade. Ali está parte importante da história de São Paulo.
Em São Caetano há a vila Matarazzo
Em São Miguel, tivemos a Vila Nitro Química, hoje bastante descaracterizada e sem um marco que lembre a sua origem.
Essas Vilas representam um aspecto fundamental no desenvolvimento de São Paulo.