Quanta coisa boa, divertida, alegre e gostosa junho nos traz. À parte que seja mês do meu aniversário, este é o mês de festas tradicionalíssimas no Brasil: as Festas Juninas. Numa mistura de elementos das culturas africana, europeia e indígena, ganhamos as cores do interior do país, trazendo a música, a dança, a decoração característica, a devoção aos santos – Antonio, João e Pedro – e, principalmente, a comida. E, é disso que vamos falar. Quem viveu a preparação de uma dessas festas, e mesmo quem só participou, entende como alguns cheiros e sabores despertam rapidamente o olfato e desencadeiam um salivar, apenas com a lembrança de tantos acepipes.

Os ingredientes tradicionais e típicos das Festas Juninas são aqueles que aparecem em maior abundância nesse período, e são os mais presentes nas preparações de junho. O milho é um dos mais usados no país inteiro. Quer seja ao natural, com as espigas cozidas ou assadas na brasa, quer seja com as farinhas que se originam dele. Quem não se delicia com aquele cuscuz de sardinha, ovo cozido e azeitonas? E o bolo de milho, cremoso e molhadinho, ou o bolo de fubá com as sementinhas de erva doce ou pedaços de goiabada? Ainda derivados do milho, são comuns o curau e a pamonha – doce ou salgada – embrulhados nas folhas do milho. Esse fantástico grão faz duas outras preparações muito esperadas: a pipoca, já bem conhecida, e a canjica. Eu me lembro de quando a canjica (ou mungunzá para os nordestinos) era feita com o milho branco cozinhando no leite com açúcar, mais um pauzinho de canela e alguns cravos da Índia. A casa inteira emanava um perfume delicioso, de carinho, aconchego e afeto, e de quero comer logo! 

Viram? Só com o milho já teríamos uma mesa cheia de quitutes.

Mas temos mais. E o coco? Ralado e misturado ao açúcar – você consegue sentir o cheiro do açúcar queimado, tenho certeza – se transforma naquela cocada de dar água na boca, deliciosa. O amendoim também tem um papel importante – tanto comendo aquele que vem quentinho, na casca, ou o salgado, ou nos doces tradicionais que remetem também à infância, o pé de moleque e a paçoquinha.

O Brasil é um país imenso em território e influências culturais, e as Festas Juninas acompanham as diferenças de cada região, com a inclusão de outros pratos. No nordeste entram a macaxeira e seus derivados, no sul o pinhão não pode faltar. Em Minas Gerais, o pão de queijo e os doces de abóbora, coco, goiaba e batata doce estão no cardápio. No centro oeste, a sopa paraguaia foi incluída. Sem contar com as modernidades: o cachorro quente com molho de tomate, o churrasco, o bolo de chocolate, o vinho quente. E vai por aí a fora. 

A festa, muitas vezes ao redor da fogueira que, além de aquecer, assa o pinhão, a espiga de milho e a batata doce, nos leva a uma verdadeira viagem gastronômica. São tantas as variações de salgados e doces, sempre acompanhados de um quentão perfumado com gengibre e especiarias, rico em sabores, que revelam a quantidade e qualidade da mesa oferecida nessas tão tradicionais, e quase folclóricas, Festas Juninas.

E as imagens da infância me vêm à mente com cheiros, sabores, texturas; com a percepção de que não podemos deixar que tudo isso se dilua nas modernidades ou se perca nas tecnologias.

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