Um dia, um homem do campo, um simples lavrador, encontrou a raiz de uma árvore e enxergou nela várias formas de bichos: uma girafa, um gato, um cavalo e um cachorro. Foi o que bastou para que despertasse nesse homem a alma de um artista.

Benedito da Silva Santos, mais conhecido como Ditinho Joana, morador no Bairro do Quilombo, em São Bento do Sapucaí, com total apoio de sua mãe, começou a se dedicar à escultura em madeira em 1974 e não parou mais. 

Sua marca – a bota

Ele tem uma marca, se é que podemos chamar assim, uma bota, que ele diz que representa a caminhada das pessoas “a caminhada de quem já fez, de quem está fazendo, e de quem ainda fará”, uma trajetória pela qual todos devem passar.

Ditinho Joana usa, preferencialmente, em seus trabalhos, a madeira do jacarandá, mas se for utilizar outra espécie, tem que ser madeira nobre, o que é muito difícil. Em sua filosofia de trabalho há um total respeito à natureza, ele não derruba árvores, ele espera a árvore morrer para então, lhe dar outra vida.

E acredita, inclusive, que a própria natureza se sente agradecida porque percebe que aquela árvore não morreu, ela teve uma continuidade, realiza o artista e embeleza a casa e a vida de quem adquire as suas obras.

Ditinho Joana já teve a oportunidade de mostrar seus trabalhos no Rio de Janeiro, no Palácio do Catete, participou de várias exposições em São Paulo, já participou de vários programas de TV, mas atualmente, expõe apenas no seu ateliê, que é passagem obrigatória para todos que visitam sua cidade. 

O filho Saulo Joana

Ele é um autodidata, usa apenas sua sensibilidade e seu talento, não frequentou qualquer escola, nem seguiu qualquer modelo, mas já passou sua técnica perfeita para os filhos, que agora trabalham junto com ele.

Com muito orgulho, Ditinho Joana diz que teve o privilégio de mostrar seus trabalhos para o então curador do MASP, Pietro Maria Bardi, de quem só ouviu elogios e incentivo para prosseguir. Na sua simplicidade, Ditinho diz que Bardi avaliou e “profetizou” que ele era realmente um escultor, um grande artista que seria reconhecido.

As ideias para as suas esculturas vêm, principalmente, da comunidade rural, sempre foi seu objetivo valorizar o trabalho de pessoas que, para muitos, são até invisíveis, o vaqueiro, o lavrador, o agricultor, a lavadeira, mas hoje em dia, as pessoas ficam tão encantadas que contratam o seu trabalho e ele retrata santos, famílias, advogados, médicos, sempre mostrando o dia a dia de todas as pessoas.

Se for para São Bento do Sapucaí, não deixe de visitar o Ateliê Ditinho Joana, para ver seus trabalhos e para bater com papo com o homem do campo.

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