Engana-se redondamente quem considera o carnaval uma simples festa pagã, de badernas, loucuras e de bebedeiras sem fim. Já foi assim, na sua origem oficial, na Idade Média, mas sempre teve relação direta com o cristianismo. 

Era uma festa pagã, condenada pela igreja, por conta dos exageros, que duravam dias e dias. Aí, para controlar a situação, a igreja decidiu criar esses quatro dias que antecedem a quaresma, ou seja, os fiéis teriam um momento para extravasar seus impulsos mundanos, antes de iniciarem sua restrição.

No Brasil, o carnaval chegou no período colonial e se caracterizava, inicialmente, pelas brincadeiras. Foi evoluindo ao longo do século XX, e ritmos como o samba, o maracatu e o frevo passaram a ser seus símbolos. 

Este ano, porém, em virtude da pandemia, tudo mudou, e a válvula de escape do nosso povo foi fechada, muita gente ficou sem ter como liberar os “demônios” do corpo e da vida. 

Teve até quem burlasse as regras, se aglomerando, formando blocos nas ruas, dando as costas para a pandemia, mas como um todo, a festa mais tradicional do Brasil ficou de escanteio, sem suas belezas, sem sua arte.

Festa da alegria, da arte, das belezas

Mas, além de ser uma festa da alegria, o carnaval é, antes de tudo, a festa da arte, e para que você tenha certeza disso, basta assistir ao desfile de uma escola de samba, que é uma verdadeira representação artística, expressão da nossa cultura, envolvendo todas as artes, música, teatro, literatura, dança, artes plásticas, arquitetura, além da união, respeito e muito treinamento.

É um trabalho que dura o ano inteiro, desde a escolha do tema, que começa com muita pesquisa. Escolhido o tema, é organizado um concurso para a escolha do melhor samba-enredo, que deve sintetizar a história.

A concepção do desfile em si, carros alegóricos, fantasias, toda a decoração que envolve o desfile tem que abordar o tema e tem que ter uma evolução lógica. A escolha desses carros alegóricos, das alas, fantasias e alegorias, tudo tem que estar interligado.

Tudo o que compõe um desfile de escola samba é arte. Tudo conta um pedacinho da história e é apaixonante, desde o rebolado das passistas, da elegância do mestre sala, da harmonia da bateria, até o envolvimento dos todos os integrantes da escola, que trabalham durante um ano inteiro para uma hora apenas de glória.

Uma vez, a cantora Leci Brandão, que fazia comentários do desfile das escolas de São Paulo, chegou a comentar como era injusto ter que dar nota para o trabalho de qualquer uma das agremiações, tamanho era o envolvimento com de todos com aquele espetáculo. Ela tem conhecimento da luta diária de cada um deles e valoriza o trabalho de todos.

Entao, deixando de lado todos os preconceitos, que tal olhar para essa festa como a expressão da cultura de um povo simplesmente. Vamos ver tantos artistas anônimos…

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