Terminei o colegial, atual ensino médio, na década de 70, o fim de uma etapa da vida de todo adolescente. E confesso, o dia da colação de grau, que deveria ser só felicidade, foi também cheio de amarguras, um dos dias mais tristes da minha vida, era o fim de uma fase muito feliz, ainda sem grandes compromissos, mas cheia de sonhos e incertezas.

Até então eu não trabalhava, só estudava e vivia todas as delícias de uma adolescente. Jogava no time de basquete da escola e em todos os outros momentos de folga jogava vôlei com os amigos, em qualquer intervalo de aula, lá estávamos nós, descendo correndo as rampas da escola para jogar bola.

Participava de campeonatos entre escolas, cabulava aulas para ir jogar no clube e, às vezes, cabulava aula para ir ao cinema, mas nunca perdi o ano. Tenho certeza de que a maioria dos adolescentes já fez isso pelo menos uma vez na vida.

Bom, saí do colegial com a convicção que meu futuro estava na Educação Física, assim como o de muitas amigas. Este era o meu objetivo, mas não aconteceu. Naquela época, segundo a minha mãe, essa não era uma boa opção e, sugestionada por ela, fui para o curso de Comunicação Social e, como todos da “turma” me afastei completamente, dos amigos, da escola, até do bairro.

Foi ótimo também, segui a carreira do jornalismo, trabalhei, estagiei e depois, por consequência, segui o caminho do rádio. Profissionalmente, me realizei, conheci pessoas interessantíssimas, aprendi algo que nunca tinha pensado, até porque o rádio é apaixonante, lida com música, com pessoas, informa, ensina, realiza sonhos.

Mas, mesmo distante de todos que fizeram parte da fase mais especial da minha vida, nunca esqueci esses amigos, nem das paqueras, dos jogos, das aulas de teatro, dos festivais de música que agitavam as tardes de sábado, das festas da escola, doía o peito todas as vezes que passava na frente daquele colégio. Como foram especiais todos os momentos que vivemos ali!

Muitos anos se passaram, poucos foram os amigos que reencontrei ao longo dessa caminhada. De vez em quando, ouvia falar de alguém, alguns se casaram, a maioria deles, ou não; alguns se separaram, outros até hoje estão ao lado dos seus escolhidos; tiveram filhos, outros não; alguns partiram antes do tempo; a maioria concluiu curso superior, que privilégio! É bom que se diga, porque todos vieram da escola pública.

Mas o mundo evoluiu e uma grande maravilha aconteceu: as redes sociais. Graças a essa tecnologia, a esse avanço, passados mais de 40 anos, saímos à procura desses amigos e nos reencontramos.

Que felicidade! Que alegria reencontrar essa turma! Que alegria perceber que “ainda somos os mesmos”! Que bom saber que, mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos verdadeiros continuam sendo aquelas pessoas que conhecemos na infância. E mesmo que já não tenhamos mais nada em comum, somente o fato de compartilharmos as mesmas emoções, as mesmas lembranças, já basta, já nos faz felizes!

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Salmon
Salmon
3 anos atrás

Lembrar é eternizar o que foi bom. Realizar o sonho de encontrar amigos é algo maravilhoso!

Odilia D'Angelo
Odilia D'Angelo
3 anos atrás

Grandes momentos da juventude!!

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