Angústia, medo, desalento.

Está difícil falar de assuntos gerais, mais triviais, que trazem conhecimento, diversão, que fazem passar o tempo. Vivemos momentos muito cruéis, as notícias da TV ou jornais são todas aflitivas e parece que não temos saída.

Não bastassem as crises que vinham se desenrolando, o mundo é ‘presenteado’ com uma pandemia que isola as pessoas, separa família e amigos, trazendo medo e insegurança. Hospitais em atendimento de guerra, não há leitos, não há equipamentos, não há insumos. Ou melhor, eles não são suficientes pra atender a todos os doentes. Chega o momento em que é compulsório escolher quem será o beneficiado – os mais aptos?, os mais promissores?, os menos graves? Uma dura e triste tarefa para aqueles que estão na linha de frente dos hospitais. O mundo científico centrado na pesquisa, produção e aperfeiçoamento de vacinas e remédios. Profissionais esgotados, expostos a duras jornadas de trabalho, físico e emocional, impotentes diante de um cenário cada dia mais grave.

Pelas ruas veem-se pessoas obrigadas a se expor em transportes públicos lotados, buscando manter seus empregos e dar sustento à família. E, lastimavelmente, veem-se tantos que banalizam os riscos em aglomerações sem sentido, não se importam em cuidar da proteção tão necessária, ou de serem agentes da expansão do vírus.

A situação econômica está na corda bamba, o mercado encolheu em muitas frentes com a diminuição da renda e, consequentemente, do consumo mesmo que muitos setores tenham se saído bem nesta crise. Ora, mas quem sou eu pra falar de economia? Como uma pessoa comum, é fácil perceber o quanto os preços aumentaram, o quanto o desemprego bateu à porta de milhões, tantas empresas encerrando atividades, pequenos empresários sem ter pra quem vender, imóveis fechados esperando que alguém queira se arriscar em alugá-los. 

Não bastasse isso, os políticos continuam em sua eterna corrida atrás de votos, compactuando com quem pode lhes dar mais poderes, mais verbas, se digladiando para derrubar os que estão por cima. A pseudo ideologia política de fazer pelo povo e para o povo, pensando no bem do país, lidera o discurso dos que estão à direita ou à esquerda e conseguem, com seu carisma e poder de persuasão verbal, justificar atos injustificáveis, levar milhões de adeptos atrás de si. Legislativo e Executivo se dão as mãos nesse sentido.

Nos restaria o Judiciário. Ah! Pobre de nós. Os juízes fazem o possível para enlouquecer quem tenta entender suas interpretações da lei e da Constituição. Votos infindáveis, justificando e avalizando a própria posição. Deixaram correr investigações por anos, deixaram ações serem julgadas, e confirmadas as suas sentenças. E – em função de qual interesse? – tudo é desqualificado e jogado na lata de lixo, junto com todo o tempo e recursos despendidos. Os juízes, tão superiores, tão sábios, tão especialistas, não viram tudo isso desde o início? E deixam a insegurança jurídica pairando no ar. A qualquer momento as leis podem ser interpretadas conforme a ideologia de alguns. 

Não há méritos em levantar bandeiras pra nenhum deles. Não há um líder ou um estadista merecedor disso, que se destaque pensando num plano para o país, um projeto a se iniciar para colher no futuro. Isso não dá votos. Não dá pra confiar em políticos. Está difícil confiar na justiça.

Claro que os bons existem. Mas estão escondidos sob a capa do poder de outros.

Podemos confiar, sim, nos profissionais da saúde. Cumprem o juramento de Hipócrates. Mas eles estão no limite físico e emocional, de mãos atadas por falta de condições.

Os limites de compreensão e aceitação da situação atual estão cada vez mais próximos. A bolha está crescendo. A qualquer momento a bomba pode estourar.

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