Imaginando que o leitor, baseado no post anterior, tenha feito, ou até mesmo já tivesse, a planilha de seu atual momento financeiro, nos vemos agora diante de situações estritamente individuais, mas que, de maneira bem simplificada, podem se classificadas em três tipos :

 – “O certinho”, que tem situação financeira equilibrada, ou seja, paga suas contas em dia, consegue comprar tudo o que necessita dentro de suas possibilidades, previne-se para despesas extraordinárias e sazonais e ainda aplica as sobras. Caso de 10% da população brasileira.

 – “O diligente”, que tem quase as mesmas características do “certinho”, exceto que não consegue poupar e tem dificuldades com despesas extraordinárias ou sazonais. Caso de 25% da população brasileira.

 – “O gastador”, que mantém seu padrão de consumo, ainda que atrase o  pagamento de dívidas; acha que os limites do cheque especial e do cartão de crédito fazem parte de sua renda; afunda-se no pagamento de juros; desespera-se a cada início de ano e não tem a menor ideia de que juros também, podem trabalhar a nosso favor, quando falamos de investimento e poupança. Caso de 65% dos brasileiros.

É claro que essas situações não são tão claramente definidas, nem dependem unicamente do temperamento de cada pessoa. Há inúmeros fatores, que podem nos fazer transitar de uma categoria para outra: desemprego, doença em família, um evento extraordinário ─ para o bem ou para o mal ─, o momento de vida (juventude, vida adulta e a senioridade), a situação do país e vários outros.

O mais importante é que a partir da tomada de consciência de sua real situação financeira, você tenha em mente que pode, em qualquer circunstância, torná-la melhor, ou menos caótica, com medidas, que essas sim só dependem de você. Mesmo o “certinho” tem o que melhorar. O curto e o médio prazo podem estar bem. E o futuro? Será que o valor poupado é suficiente para, junto com a aposentadoria, proporcionar-lhe uma vida financeira saudável daqui a alguns anos? Evidente que os dois outros casos ─ o diligente e o gastador ─ demandam maior atenção e cuidados, o segundo mais que o primeiro. Por isso, suas agruras serão nossas prioridades nesse espaço. 

Cada um dos tipos mencionados pode ter sua receita para o equilíbrio financeiro, ou melhor, cada indivíduo ou família pode ter formas próprias de atingir suas metas. Para isso, é preciso que conheçam as atitudes e as ferramentas que os ajudarão nessa tarefa. Esse é o papel do consultor financeiro: apresentar os meios disponíveis sem, contudo, intrometer-se na vida pessoal e familiar de seu cliente ou paciente. Há, sempre, a necessidade de um consultor financeiro? Na maioria dos casos, não. As principais informações estão disponíveis em sites, jornais, programas de TV de radio e blogs, claro.

Em alguns casos, um psicólogo serve melhor que o consultor financeiro. Sabemos que nossas atitudes de consumo têm muito a ver com nosso estado de espírito, seja momentâneo ou permanente. Nos casos mais graves, as patologias vinculadas ao consumo e ao prazer podem arruinar indivíduos e famílias.

Planejamento é muito bom, mas inútil sem o controle. Estabeleça um limite para cada item de suas despesas mensais, já ajustados à sua renda, e controle diariamente, em que ponto você está. Ultrapassou, restrinja. Está com folga? Relaxe um pouco, não vá além de seus limites. Equilíbrio financeiro à custa de sua saúde emocional, também, não vale a pena.

Nas próximas semanas vamos tratar, uma a uma, as medidas que podem ajudar você a construir um presente e um futuro mais saudável financeiramente, o que não significa ficar rico. Isso é outra estória,

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