Uma das maiores lembranças da minha infância são as festas juninas, e principalmente, porque nasci no dia 29 de junho. Sendo assim, todos os meus aniversários eram comemorados tipicamente, ou seja, com pipoca, quentão, bolo de milho, fogueira e balões.
E na minha festa não tinha mesa decorada, comemorávamos ao ar livre e a decoração era com as bandeirolas no quintal, e no céu, com os balões que o meu irmão fazia. Soltávamos muitos… naquela época era permitido.
Nessa idade, entre 9 e 11 anos, na minha inocência de criança, eu nem perguntava para minha mãe se ela iria fazer a festa, quando ela ficava sabendo, todas as amiguinhas do bairro já estavam convidadas.
A lenha para a fogueira tinha em casa. Morávamos na periferia, e o meu pai, em suas poucas andanças pelo bairro sempre lembrava de juntar madeira para a minha fogueira.
Maravilhosos tempos aqueles! Os amigos convidados, a fogueira garantida, meu irmão com a decoração especial e a minha mãe na cozinha fazendo seu cobiçado bolo de fubá, e mais a canjica, a pipoca, o cuscuz, o quentão e a batata doce assada na fogueira.
Uma certa vez, tinha acabado o gás em casa e as coisas não eram tão acessíveis como hoje, tinha o dia do caminhão de gás passar. Coitada da minha mãe, fez bolo na espiriteira.
A festa era simples, mas bastava, me fazia tão feliz! E melhor do que tudo são esses momentos especiais que guardamos na memória.
Mais tarde, na pré-adolescência a melhor lembrança vem das festas juninas da escola, da amada e inesquecível escola D. Pedro I. E tudo era bom demais, as pessoas ainda acreditavam umas nas outras e nós saíamos pelas casas e comércios angariando prendas diversas, acho que hoje bateriam a porta na nossa cara.
Havia respeito e nunca fomos agredidas ou desrespeitadas nesse nosso “pequeno trabalho”. E era um trabalho mesmo, encarávamos dessa forma com responsabilidade.
A escola toda se envolvia, cada classe com uma parte da festa, montando barracas e fazendo bandeirolas e balõezinhos japoneses para a decoração. Era muito bom.
Lembro que uma vez, um amiguinho de classe pegou a Kombi do pai dele e fomos até a antiga fábrica Papelok para buscar sapé, tinha muito em um terreno baldio ao lado da empresa. Ele, menor de idade, dirigindo, e nós também crianças ainda, todas eufóricas com a aventura. Nem chegamos a pensar no risco que corremos. Voltamos com as mãos cortadas pelo sapé, mas trouxemos felizes a cobertura da nossa barraca.
Em outra oportunidade, sem que nossos pais soubessem, pegamos o trem de subúrbio e fomos até outra cidade ( Mogi das Cruzes ) para angariar prendas. Nosso bairro já tinha muitas festas de escolas e estava difícil conseguir as doações. Foi uma ótima idéia, voltamos carregados de alimentos e presentes diversos.
Depois de todo esse trabalho chegava o dia da festa. Que emoção! Que alegria! Reunir as amigas, andar aos grupinhos de um lado para o outro e esperar que alguém especial nos oferecesse uma música, ou mandasse um recadinho pelo correio elegante. Às vezes, íamos para a prisão, que delícia se o nosso “paquerinha” estivesse ali também.
Tinha a apresentação das quadrilhas. Que delícia! Que lindo! Todos vestidos tipicamente, nos oferecendo aquele show. Tinha também as delícias de comer…churrasquinho, cachorro quente, vinho quente, quentão, pipoca…
Saudade desse tempo…Lindos e encantados dias!