Numa definição simples, quase simplória, a independência financeira, para um indivíduo, ocorre quando ele consegue acumular um patrimônio que lhe permita subsistir, de acordo com seus objetivos e desejos, sem depender de um emprego ou de trabalho. É o que, popularmente, chamamos viver de renda. Não significa, entretanto, que seja sinônimo de aposentadoria ou ócio em tempo integral. Ao contrário, muitas pessoas independentes financeiramente, dedicam-se ainda mais ao trabalho, por prazer ou por temperamento e, assim, conseguem, muitas vezes, continuar aumentando seu patrimônio e, por consequência, sua independência.
Evidente que há situações que podem levar a pessoa à independência financeira, independente de ela própria ter acumulado considerável patrimônio, mas elas são raras, resumindo-se, praticamente à grandes heranças e polpudas aposentadorias, acessíveis a uma minoria, como sabemos. Do outro lado, há rendas passivas como rendimentos de aplicações, aluguéis, direitos autorais etc. que, embora possam ser perenes, não permitem a subsistência digna daqueles que as recebem. É preciso, antes de tudo, reconhecer que a independência financeira é o último estágio de um processo de gestão da vida financeira voltada para esse objetivo. Um processo cujo sucesso está atrelado à precocidade (quanto mais cedo começar, melhor), ao autoconhecimento e à persistência.
O primeiro passo para a independência financeira pode começar ainda na adolescência ou a qualquer outro momento da vida. É a conquista da autonomia financeira. Autonomia e independência não se confundem, se complementam. O que é autonomia? É a aptidão ou competência para gerir sua própria vida, valendo-se de seus próprios meios, vontade e princípios. Ainda que ela possa ser parcial em alguns períodos, ela é essencial para a futura independência financeira. Os exemplos clássicos continuam sendo o adolescente e o jovem no início da vida adulta., que apesar de dependerem, total ou parcialmente, de seus pais, precisam exercitar suas autonomias na escolha de vocações e carreiras. São essas escolhas que definirão os principais aspectos de sua vida futura, que, obviamente, não se limitam ao puro sucesso ou independência financeira.
Do ponto de vista prático, não é tarefa fácil definir o montante a ser acumulado para a obtenção da sonhada independência financeira. Lembrem-se de um trecho da definição simplória “que lhe permita subsistir, de acordo com seus objetivos e desejos”. Pode existir algo mais individual e subjetivo? Há pessoas que nem sequer pretendem a tal independência financeira. Outros a perseguem, mas não sabem exatamente o que precisa e quanto precisa para atingi-la. Um dos erros mais comuns é acreditar que a formação de um grande patrimônio garante a desejada renda vitalícia. Um patrimônio que não gera renda, pior ainda, que traz despesas de manutenção e administração, é um péssimo negócio para quem pretende um futuro tranquilo, do ponto de vista financeiro. É bastante comum ver pessoas e famílias desfazendo-se do patrimônio adquirido durante toda uma vida para prover a subsistência de seus últimos anos.
Resta concluir que, de forma geral, a independência financeira vem de um patrimônio, seja físico ou financeiro, que seja rentável. Melhor ainda se for constituído de ativos financeiros bem aplicados, com segurança, rentabilidade e liquidez adequadas. Pode ocorrer a qualquer momento da vida, ou nunca chegar. Não é garantia de felicidade, mas pode ser um bom motivo para começar a construir o futuro. Boa sorte.