Por Salmon Paiva
Quando se fala de discriminação, logo se pensa em cor da pele, etnia, sexo feminino, xenofobia e opção sexual. Porém, há uma grande discriminação praticada diariamente por todos nós, não percebemos, mas discriminamos.
Se vamos ao médico achamos justo pagar até R$ 1.200,00 por uma consulta com retorno, que muitas vezes não dá ao profissional uma hora de trabalho.
Ao dentista pagamos cerca de R$ 300,00 por uma pequena restauração realizada em 30 minutos. O mesmo ocorre com uma consulta ao advogado, ao psicólogo, ao veterinário e uma visita do engenheiro, por exemplo.
Entretanto, quando ficamos na rua com um pneu furado, achamos um absurdo pagar R$ 150,00 ao borracheiro que foi ao local, trocou
o pneu e consertou-o na borracharia. Queimando o chuveiro, chamamos o eletricista e reclamamos por pagar R$ 200,00 pela troca do aparelho, que custou pouco mais de R$ 100,00.
Se vamos a uma oficina cujos empregados estão uniformizados, desde a recepcionista, pagamos sem reclamar. Porém, se o mecânico do bairro, com um macacão bem surrado, fizer o mesmo serviço pela metade do preço, não o valorizamos. Pagamos reclamando.
E reclamamos ainda mais, se estes profissionais se atrasam ou demoram, nos sentimos ofendidos e os recebemos de cara feia.
Mas quando o médico, o dentista, o engenheiro e outros graduados se atrasam, não perdemos o sorriso.
Isso sem falar da discriminação salarial que se verifica, principalmente, entre os ganhos de um político e o de um professor.
E o que falar do serviço da diarista, do pedreiro, do pintor, do jardineiro e outros?
Essa discriminação é injusta, dói muito, principalmente porque o pintor, que pintou a residência do dentista, sabe que este ganhou em um dia o que ele ganhará em um mês.
Discriminamos sim, todos os dias. Discriminamos os mais fracos.
Muito bom!
Verdade, tem muita gente que reclama de pagar 40 reais no corte de cabelo em um salão de porte médio no centro da cidade mas quando vai ao salão do shopping paga 120, 150 reais sem falar nada!
A discriminação de classes no Brasil é mais forte que qualquer outra. Sem negar que existem, também, discriminações de cor, raça e gênero. Todas elas lamentáveis manifestações de ignorância e intolerância. Por isso, vivo afirmando: o maior problema brasileiro é a injusta distribuição da renda nacional.