Já falamos aqui bastante do impacto da Educação Financeira em nossa vida privada tanto no presente como no futuro. Agora, damos um passo adiante e vamos conversar sobre como a Educação Financeira, ou melhor, o que você absorveu da Educação Financeira, pode impactar a vida no planeta para essa geração e para as gerações futuras. Para iniciar, lembremos que somos mais de sete bilhões de pessoas consumindo os recursos naturais do planeta Terra, alguns deles, infelizmente, não renováveis.
Portanto, é inegável que nossas decisões de consumo afetam, de maneira extremamente significativa, a preservação ou tempo de duração desses recursos, que são imprescindíveis para a manutenção da vida na Terra. Mais importante, impactam, com profundas consequências, a qualidade de vida e, até mesmo, a sobrevivência das futuras gerações. Não é difícil imaginar o dano causado pelo consumo, por vezes inconsciente e desenfreado, sobre a capacidade de nosso planeta para fornecer, “ad infinitum”, os alimentos, combustíveis, metais, minerais e vegetais, que nos fornecem energia e ar puro, bases da sobrevivência humana.
Assim, a cidadania, o bem comum e o nosso próprio bem nos impõem o consumo consciente, que proporciona vantagens ambientais, além de benefícios sociais e econômicos para a sociedade e para os indivíduos. É correto, ainda, afirmar que o consumo consciente amplia o conceito de educação financeira, ao incorporar às nossas escolhas de consumo, preocupações com o modo de produção, quantidade e qualidade das matérias-primas, tipo e qualidade de mão de obra, produção de resíduos e outros aspectos relevantes para o meio ambiente e para a sociedade.
Consumir conscientemente significa valorizar a sustentabilidade, adquirindo produtos e serviços ambientalmente corretos, que causem o mínimo de impacto sobre o meio ambiente e que contribuam para o desenvolvimento das comunidades em que são produzidos e consumidos. Significa, também, valorizar o produtor e fornecedor, efetivamente, empenhados em criar e distribuir riqueza e progresso sociais. Nesse sentido, podemos e devemos excluir de nossas decisões de compra as empresas com práticas ambientais e sociais incompatíveis com a ética, com a dignidade das pessoas e com as legislações ambiental, trabalhista, empresarial e tributária. Corrupção e sonegação, por exemplo, são crimes, sobretudo, contra a coletividade.
Também podemos contribuir para a sustentabilidade reduzindo o consumo desnecessário; evitando desperdícios e a produção excessiva de lixo; diminuindo o impacto negativo da atividade humana sobre o meio ambiente; melhorando a qualidade de vida e o bem-estar da coletividade e dos indivíduos, dessa e das futuras gerações. E, no âmbito mais restrito da Educação Financeira, usando o dinheiro e o crédito a seu favor e, ao mesmo tempo, em favor da sociedade e do meio ambiente.
O consumidor consciente pondera antes de comprar. Pensa em si, na sociedade e no meio ambiente. Planeja seus gastos e compra apenas o necessário. Reutiliza as embalagens. Recicla seu lixo e dá-lhe a destinação correta. Não compra produtos pirateados ou contrabandeados. Fica atento ao consumo de água e energia elétrica, agindo contra desperdícios. Valoriza a vida saudável ao invés do status social. E, fundamentalmente, é previdente e altruísta porque sabe que o futuro é resultado das escolhas de hoje e que nossas responsabilidades não se esgotam no plano individual ou familiar.
Somos beneficiários de um presente (ou um processo) que já tem quatro bilhões de anos. É nossa obrigação repassá-lo, em melhores condições, para nossos filhos e netos e transferir-lhes conhecimento e responsabilidade pela continuidade da maravilhosa aventura humana.