Por Edna Santos Silva
Uma das melhores coisas da vida são os amigos. Poder cultivar uma amizade desde a infância e mantê-la ao longo da vida é algo que não tem preço. Os amigos verdadeiros marcam a nossa existência, às vezes, até mais do que os próprios irmãos.
Eu tive muitas amigas, mas uma delas sempre foi especial. Infelizmente uma grave doença a levou muito cedo, mas ela ainda está presente na minha vida e até nos meus sonhos, por isso, decidi escrever.
Dias atrás sonhei com minhas crianças, estávamos correndo num gramado muito verde, brincando de esconde-esconde. Um sonho tão distante porque minhas crianças já têm quase 40 anos, mas meu inconsciente não me engana, era uma saudade de mim, da minha adolescência, da minha amiga tão querida que, há dois anos foi para a Glória Celestial…Maria da Glória Rocha Campos, que depois de casada adotou o sobrenome do marido.
Glorinha, me lembro do dia da sua partida e até hoje não consigo conter as lágrimas, mesmo sabendo que foi para o aconchego do Pai Celestial, onde a dor não existe, onde não falta o ar para respirar, onde as coisas terrenas já passaram.
Sinto muitas saudades das nossas conversas, da nossa caminhada até o saudoso colégio D. Pedro I, dos sonhos que compartilhávamos; nós éramos tão amigas que até nos apaixonávamos pelos mesmos meninos. Estávamos sempre juntas, de segunda a sábado na escola e aos domingos na matiné do cinema.
Minha grande amiga lembro que gostávamos de música clássica Concerto no.1 de Tchaikovsky, do príncipe Ronnie Von e da Elis Regina…choramos tanto quando ela morreu! Éramos tão amigas
que sabíamos as dores uma da outra, e quando você faltava na escola eu até sabia o motivo.
Lembro-me que, aos sábados, depois das aulas, íamos ver casamentos na Igreja Matriz, então trocávamos sonhos juvenis sobre nossos próprios casamentos, chegamos até a marcar um dia para nos casarmos, mesmo sem ter namorado. Quantos sonhos amiga, como sou grata por sua amizade!
E hoje fico pensando, quanta coisa ainda faltava para vivermos. Fomos no casamento uma da outra, acompanhamos a gravidez uma da outra, mas amiga eu não mostrei para você meu pé de manjericão tão viçoso, nem minhas roseiras floridas, e o tamanho das minhas romãs então!
Tanta coisa eu queria falar pra você, mas só posso chorar, e choro, choro, choro até o peito doer. Até queria não parar de chorar, mas sei que na vida não é assim, tudo passa, nós passamos e eu também passarei. Minha grande amiga Glorinha, saudades eternas.