Dentro do esforço na busca do equilíbrio financeiro um ponto essencial é cuidar de nossas dívidas. Note que eu escrevi cuidar, não eliminar. Disse e repito: ter dívidas não é, sempre, uma coisa ruim. Pelo contrário, endividar-se na compra de um ativo que nos permita aumentar nossa renda pode ser um ótimo negócio. Financiar a casa própria, dependendo de seu estágio profissional e pessoal, também, pode gerar bons dividendos no futuro.
Ruim é perder o controle sobre nossas dívidas. Ruim é fazer dívidas que não acrescentam patrimônio, que não geram renda ou, pior, motivadas por desejo irracional de consumo. O ideal, claro, é que antes de assumirmos qualquer dívida nos atentemos para vários detalhes importantes, entre eles, a necessidade daquele bem ou serviço a ser adquirido e a nossa capacidade de pagamento. Se uma dessas condições não for atendida, melhor nem entrar nessa dívida.
Considerando que é bastante provável que você seja uma pessoa consciente e tem certeza da necessidade daquela compra ou que essa necessidade decorra de uma emergência incontornável ─ saúde, por exemplo ─ ainda assim pode existir a barreira da sua capacidade de honrar a dívida assumida. Nesse caso, cabe a você procurar a melhor alternativa, ou seja, buscar uma dívida que lhe pese menos. Aqui já estamos falando dos juros. Já sabemos que a pior opção é o cartão de crédito (em média 12% ao mês) e a melhor é o empréstimo de mamãe (0% com direito ä prorrogação infinita do prazo). Abomino a primeira e preocupo-me com a segunda opção. Nossos velhinhos não podem e não merecem sofrer com calotes.
Entre um e outro há uma infinidade de taxas e condições. A análise criteriosa dessas condições não requer vasto conhecimento financeiro, mas se entender necessário, peça ajuda. Não confie nas taxas divulgadas pelos bancos e lojas. Elas não resistem a uma conferência numa calculadora financeira. A regra é simples e universal: ao contrair uma dívida, financiamento ou empréstimo faça comparações, lembrando que comparações só são úteis se feitas em condições de igualdade. Compare o valor da prestação, em lojas, financeiras ou bancos, de um mesmo valor financiado no mesmo número de parcelas. Você, certamente, escolherá a de menor prestação, pagando assim menos juros. Parece óbvio, e é, mas muita gente não age assim.
Hoje já não somos mais reféns dos gerentes de bancos. Existe uma infinidade de cooperativas, fintechs e bancos digitais que oferecem crédito com taxas muito menores que os bancos tradicionais. Por outro lado, existem, também, principalmente no mundo digital, as fraudes financeiras. Desconfie, sempre, de ofertas excepcionais e nunca adiante valores para obtenção de financiamento. Até mesmo seus dados pessoais devem ser preservados do uso por terceiros.
Uma boa dica de empréstimo barato, muito pouco utilizada, é a operação entre pessoas físicas. Se você precisar de dinheiro, até mesmo para quitar uma dívida com juros extorsivos, estiver bem intencionado, em condições de pagar as parcelas e tem credibilidade junto a seus amigos ou parentes, por que não pedir-lhes o empréstimo oferecendo uma taxa de juros atraente? Atualmente, quem dispõe de dinheiro e o mantém aplicado não está ganhando mais que 0,7 % ao mês numa excelente aplicação. Se você oferecer 1 a 1,5% ao mês, ambos sairão ganhando. Mas, obviamente, há que se medir os riscos assumidos, especialmente pelo emprestador. Interessante é que já há empresas financeiras promovendo essa intermediação. Podemos falar disso mais adiante.