De novo eleições. De novo a busca pelo melhor candidato. De novo tentar votar certo. De novo não entrar na máxima de que brasileiro não sabe votar.
Os anos foram passando e muitas eleições aconteceram. Parei pra pensar nos candidatos a quem dei meu voto. De muitos não me lembro. De outros não sei do paradeiro. Alguns envolvidos em corrupção. Alguns, poucos, se saíram melhor. Vários, para se manterem lá, se renderam (ou já estavam rendidos?) ao lema de que o poder corrompe, una-se a eles se não pode com eles.
Penso naqueles que preferem o regime ditatorial já que, nele, basta obedecer e aceitar, sem ter que carregar nos ombros a responsabilidade da má escolha. A democracia (ou governo do povo: demos = povo kratos = poder), oriunda da Grécia, também bastante seletiva, parece se resumir na oportunidade que nos dão de escolher e votar no candidato que, supostamente, deveria nos representar. Mas essa tal de democracia vai encontrando brechas através dos representantes eleitos, que perpetuam o poder nas mãos de alguns, de uma tal maneira que esses poderosos ditam normas, leis e privilégios sempre voltados a si próprios ou aos que os beneficia. O candidato eleito pela primeira vez é sempre minoria – até que se enquadre e siga os caminhos estabelecidos pelos que já estão no poder. Se um presidente, ao chegar no poder, tem ‘boas intenções’, não fará nada se o Legislativo não autorizar – e este só autorizará se tiver seus desejos satisfeitos. E, agora, o Judiciário também coloca as manguinhas de fora exigindo sabe-se lá o que.
Quem será que pensa nos milhões que votam? Ah! Claro! A bancada dos religiosos? A bancada ruralista? Os lobbies das grandes empresas e multinacionais? E dos criminosos? Leis e impostos são tratados como temas específicos para cada setor, que vantagens serão oferecidas ou que leis serão fabricadas em troca de apoio e votos.
Mas, onde fico eu e tantos e tantos brasileiros? Eu que defendo uma educação plena, o atendimento em saúde digno de um ser humano, a possibilidade honrosa da autossustentação a partir de um emprego honesto? E a transparência do uso dos impostos? E tanta coisa mais…
Votar de novo. Ou apenas cumprir uma obrigação. Votar em qualquer um, ou em branco, ou anular o voto. Isto é democracia, posso escolher. Mas que impacto terá o meu voto? Sem dúvida, esta é uma reflexão realista que passa pela cabeça de tantas pessoas. E que também faz transparecer uma visão negativista, pessimista, de impotência.
Ainda assim teimo em manter uma boa expectativa. Acreditar tem sido a grande chance de achar um caminho, a luz no fim do túnel que possa viabilizar um futuro mais condizente com as necessidades e os quereres da maioria. A passos de tartaruga, e alguns vão dizer que é melhor assim do que nada, vamos avançando – e muitas vezes regredindo – na valorização do ser humano e não apenas na pessoa que vota – o eleitor.
De novo eleições. De novo buscar quem parece ser o melhor candidato. De novo tentar votar certo.
Vou votar, sim. Não por obrigação. Não em branco. Não anular. Fazer minha escolha correndo o risco de errar…mas também de acertar.
Quem sabe chegou a hora de ganhar na loteria.