A Educação Financeira é um dos temas mais comentados e divulgados nos últimos anos. Nunca se falou tanto do assunto, seja em livros, programas de rádio e TV e, principalmente, através das mídias digitais e redes sociais. Há um esforço público e privado em fornecer às famílias e aos indivíduos as informações necessárias para uma vida financeira saudável e equilibrada, assunto que já tratamos aqui várias vezes. Desde 2010, o Governo Federal, através da Lei 7.397, implantou a Estratégia Nacional de Educação Financeira – ENEF, que coordena as ações nesse sentido, sendo uma das mais importantes, a inclusão da disciplina “Educação Financeira” nos currículos escolares, já em andamento.
Entretanto, há um capítulo dentro desse tema que ainda não mereceu a atenção devida, embora tenha um impacto enorme na vida de todos, e represente, no final das contas, um dos principais objetivos de qualquer pessoa. Afinal, quem não deseja uma vida digna, independente e confortável até o fim de seus dias? Como conseguir isso, quando sabemos que em determinado momento da vida, queiramos ou não, vamos ter que parar de trabalhar, ou seja, deixar de gerar renda pelo trabalho? Esse é o objeto de estudo e pesquisa da Educação Previdenciária, de que trataremos a seguir.
Temos acompanhado no mundo todo, de modo particular em nosso país, as reformas já ocorridas e aquelas em discussão na Previdência Pública. Sejam elas causadas por fatores estruturais ─ a questão demográfica com o crescente envelhecimento da população ─ ou conjunturais como crises econômicas e má gestão dos recursos, o fato é que todas essas reformas convergem para a diminuição dos benefícios e a extensão dos prazos que possibilitem seu usufruto pelos cidadãos.
Tem ficado claro, pelo menos para aqueles que se preocupam com o tema, que a aposentadoria pública é (e continuará sendo) insuficiente para manutenção de um padrão de vida nos termos de dignidade já mencionados. Menos ainda pode se esperar a manutenção do padrão de vida do período profissional, exceto para alguns privilegiados do setor público (não são todos, atualmente, mas ainda são muitos) e para os que sempre sobreviveram com renda igual ou muito próxima ao salário mínimo. Felizmente para estes, as perdas são menores, quando existem. Para aqueles, as benesses de sempre.
Portanto, impõe-se a quase todos nós a necessidade de buscar complementar a renda da aposentadoria pública. Tarefa que não é fácil e se torna ainda mais difícil se demorarmos a iniciá-la. Quanto mais jovem começarmos a lidar com o assunto, maiores serão as chances de atingirmos nossos objetivos. Vamos direto ao ponto: qual é o objetivo? Resposta rápida: construir um pecúlio (patrimônio) que possa lhe gerar renda no período pós-trabalho.
Notem a diferença entre os investimentos e aplicações que fazemos para uso no presente (consumo ou reserva de emergência) e a formação de um pecúlio. Neste caso você investe para o futuro. Deve, inclusive, ser aplicada à parte, com outros critérios, visto que é uma aplicação a médio ou longo prazo. Pode ser um plano de previdência complementar privada (PGBL ou PGVL), a aquisição de imóveis para locação e a melhor de todas: a formação de sua própria carteira de investimentos em dinheiro (renda fixa, ações, fundos de investimentos, Tesouro Direto, etc.) que ao atingir determinado montante, vai permitir-lhe saques mensais dos rendimentos sem perda do valor principal.
Citei três, mas provavelmente haverá outras, desde que sejam seguras e condizentes com seus objetivos e suas possibilidades de poupança no presente. Todas elas vão exigir-lhe bastante disciplina, visão de futuro e um mínimo de conhecimento do mercado financeiro (ou de imóveis, se for o caso). Por que citei como melhor o pecúlio em dinheiro? Pela sua liquidez, que significa pronta disponibilidade a qualquer momento, pelo baixo risco de calote (ao contrário dos aluguéis) e pela flexibilidade que lhe permite, a qualquer momento, mudar de aplicação e de agente financeiro para situações mais rentáveis ou seguras, porém, com todas as precauções recomendadas.
Como preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS), tanto quanto a saúde física, as saúdes mental, emocional e financeira são importantes e imprescindíveis ativos para uma senioridade feliz. Exercícios Físicos, Boa Alimentação, Amigos, Lazer, Arte e Hobbies são partes desse pecúlio que você precisa ter.
Finalizando, é desnecessário lembrar que a saúde é o maior custo suportado pelos mais velhos. Remédios e planos de saúde consomem, em média, 40% da renda da aposentadoria. Se os brasileiros jovens soubessem o custo (falo só do financeiro, entre tantos) da saúde na Terceira Idade, eles iriam às ruas todas as semanas exigindo a expansão e o aperfeiçoamento, com muito mais verbas e pessoal, do Sistema Único de Saúde – SUS, nosso imperfeito e pouco valorizado, mas valioso, abrangente e democrático sistema de saúde, exemplo para muitos países do mundo.
Independentemente de sua idade, pense no assunto. Se tiver alguma dúvida, pode nos escrever.