Sim, vale a pena investir em dólares. O que não vale a pena é comprar dólares para guardar em casa ou em seu cofre privado no banco. São coisas completamente diferentes como veremos a seguir. Em tempo, use seu cofre privado para guardar suas joias mais caras, aquelas que você usará somente no casamento dos filhos. E uma cópia autenticada de seu testamento para que não desvirtuem suas últimas vontades.
Já comentamos aqui a diferença entre investir e guardar dinheiro, seja Real, Euro ou Dólar. Investir é fazer crescer seu patrimônio através de aplicações financeiras com rentabilidade, liquidez e segurança. Guardar dinheiro é, na maioria das vezes, mantê-lo parado ou em aplicações de rendimentos abaixo da inflação. Moeda estrangeira parada sofre duplo risco: a desvalorização pela inflação de seu país de origem e possíveis desvalorizações em relação ao Real (R$). Quem guardou dólares entre 2003 e 2013 perdeu rios de dinheiro. Em 2016 e 2017, também.
Em geral, comprar dólares ou euros pode ser uma opção razoável para quem tem viagem programada para o Exterior ou tem despesas a pagar nessas moedas, a curto ou médio prazo. Pelas razões citadas no parágrafo anterior não é aconselhável ter sua reserva de emergência em moedas estrangeiras. Reservas de emergência, por definição, podem se tornar necessárias a qualquer momento. Imagine se no momento em que você precisar, a cotação estiver abaixo de quando você comprou. Prejuízo, na certa.
Então, como investir em dólares? Exatamente como você investe seu dinheiro em Real. Os mesmos fundamentos e as mesmas cautelas. Uma das maneiras de fazê-lo é a partir da abertura de uma conta em um banco no Exterior (em dólares ou euros). Alguns bancos brasileiros, além de agências no Exterior, têm, também, acordos com bancos locais, que permitem manutenção e movimentação de contas. Sendo possuidor de uma conta, você terá acesso a todos os serviços do banco, inclusive assessoria de investimentos, tal como você dispõe no Brasil. Nos mercados mais desenvolvidos são muito maiores as opções de investimentos.
Outra maneira de investir no Exterior é através de bancos e corretoras brasileiras, que operam fundos de investimentos em Reais (não confundir com fundos cambiais), mas investidos em ativos no Exterior de renda fixa, ações, títulos públicos, etc. Nesse caso há um risco adicional: a reconversão para Reais, no momento do resgate, pode acontecer num momento de câmbio desfavorável, o que anularia os ganhos da aplicação. Há defesa para isso, também: uma operação chamada hedge.
Algumas recomendações: lá como cá, fraudes há. Portanto, use bancos e instituições financeiras reconhecidas; fique atento às taxas de administração; informe-se sobre a tributação no Brasil e no Exterior e declare no IR todos os ganhos e movimentações. Na maioria dos países, exceto o Brasil, as penas para sonegação são rigorosíssimas e levam à cadeia.
