Bem, você já fez a planilha da sua situação atual com todas suas receitas e despesas do mês. E, talvez, tenha constatado o que você já sabia faz tempo: está gastando mais do que ganha e, pior, não tem guardado nada, seja para emergências, seja para o futuro. Diríamos que é até impróprio falar em guardar (aplicar) dinheiro quando você não está conseguindo sequer equilibrar seu orçamento mensal.

De alguma forma, se você ainda está vivo, alimentando-se, locomovendo-se e divertindo-se, de algum lugar você está tirando essa diferença. Ou você está deixando de pagar contas, ou contraindo empréstimos, ou, na pior das hipóteses, usando o cheque especial e o crédito rotativo do cartão de crédito. As duas primeiras opções podem não ser boas, mas são administráveis. Já as duas últimas são o caminho mais seguro para o desastre. A não ser que você corrija a situação rapidamente, mais dia menos dia você vai quebrar. Isso é tão certo quanto as ligações de telemarketing na melhor hora do filme.

Há somente duas formas de equilibrar seu orçamento: aumentar sua renda ou diminuir suas despesas. Aumentar a renda, seja você empregado ou empresário, não depende unicamente de você, mas cortar despesas, sim. Portanto, qualquer que seja a sua ocupação, essa é a primeira coisa ser feita. Volte à planilha, esmiuçe e reflita sobre cada uma das despesas. Haverá aquelas que não podem mesmo ser reduzidas, pelo menos, de imediato: mensalidades escolares, condomínios, prestações da casa, aluguel, plano de saúde, financiamentos já contratados, etc. Você vai tratar delas mais adiante, se for necessário.

De resto, tudo pode ser melhorado: consumo de água, luz, alimentação (dentro e fora de casa), transporte, moda, estética e, sobretudo, lazer. Adiar e suspender compras, ficar mais em casa, descartar-se de supérfluos, abandonar alguns hábitos, trocar de marcas de produtos, de pacotes de serviços e, sobretudo, renegociar dívidas são atitudes fundamentais e urgentes.

Já que a ideia é buscar, rapidamente, o equilíbrio, o melhor é atacar de frente a maior dor de cabeça: os juros. Primeiro, devo esclarecer: dever não é ruim, nem é pecado. Ao contrário, em alguns casos, é uma excelente forma de prosperar na vida. Os economistas costumam dizer: o crédito é o sangue que irriga e faz funcionar a economia. Atacar os juros não significa não pagar juros; significa conhecer e melhorar, através de negociação, a taxa de juros que incide sobre aquela compra ou empréstimo.

Ano passado, o Governo limitou os juros do cheque especial em 8% ao mês. Foi uma boa medida? Sim e não. Sim, é bem menor que as taxas que os bancos cobravam antes. Não, a taxa de 8% ao mês ainda é escandalosamente alta. No ano, ela supera cinqüenta vezes a taxa de inflação (150% x 3%). Veja o exemplo: se você depositar R$ 1.000 na poupança, em doze meses, acumulará aproximadamente R$ 1.030,00. Entretanto, se você tiver uma dívida de R$ 1.000,00 no cheque especial, em doze meses, o valor devido passará a ser R$ 2.518,00. Para o crédito rotativo do cartão de crédito é muito pior: uma divida de R$ 1.000,00 transforma-se em aproximadamente R$ 4.000,00, doze meses depois. Repetindo: é o caminho mais seguro e certeiro para o desastre.

O que fazer? Vender qualquer coisa disponível, buscar com o seu gerente um empréstimo de crédito direto ou consignado que sempre tem juros menores que os cartões, refinanciar o carro, adiar o pagamento de uma dívida ou de uma conta com juros menor ou que não tenha juros. O importante é quitar a dívida do cheque especial e do cartão. No caso de o caos já estar instalado e a dívida estiver em níveis que você não consegue pagar, ainda assim existe a possibilidade de renegociação com o banco ou a operadora. Você vai conseguir bom desconto e voltará a dormir um pouco mais sossegado.

Não é tudo ainda. Estamos no começo. Espero que em pouco tempo, você comece a investir as sobras. A gente não espera sobrar para poupar, a gente faz sobrar para poupar.

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