Quando se trata de discutir um determinado assunto, qualquer que seja, (quase) todo mundo tem opinião, algumas pessoas têm informação e poucas têm conhecimento. Entre os filósofos e os estudiosos da comunicação, a distinção entre esses conceitos é bastante clara e seus significados não costumam despertar polêmicas. 

De modo bastante simplificado, pode-se dizer que Opinião é a manifestação do modo do indivíduo ver as coisas, no sentido amplo dos fatos e das ideias. Moldada por seus valores e experiências, pode ser, em algumas situações, uma simples presunção com ou sem fundamento. Já a Informação é o conjunto de dados recebidos e observados, que são organizados, estruturados e processados de modo que se tornem relevantes e úteis no contexto de seu detentor. Por último, o Conhecimento é a consciência e familiaridade com conceitos, ideias, fatos e modos de fazer as coisas, alcançados através da aprendizagem, percepção ou descoberta.  

Se no mundo acadêmico esses conceitos são bem definidos e distinguíveis, o mesmo não de pode dizer deles no mundo real, pior ainda, no mundo virtual.  Residem nessa incompreensão, a radicalização e polarização que tomaram conta das relações humanas, numa época em que todos têm espaço e oportunidade para expressar e demonstrar suas opiniões, sentimentos, ressentimentos, neuroses, psicopatias, traumas, vícios, defeitos e virtudes. Tudo isso em tempo real, em fotos, textos, vídeos e memes, para quem quer saber e para quem não quer.

Conhecimento e informação são substantivos ou conceitos concretos. Podem ser aferidos, qualificados e têm impactos significativos na dinâmica da existência humana. O mesmo não ocorre com opiniões, ainda que estas, também, tenham existência real. Porém, com tamanha subjetividade, que a maioria delas pode ser ignorada sem causar nenhum efeito significativo sobre os fatos, as pessoas e as coisas. Pode ser ignorada, é claro, não significa que seja. Formadores de opinião estão aí para confirmar.

O atual exemplo da vacina contra o Coronavírus ilustra essa tese: a Ciência buscou e conseguiu, a partir de dados conhecidos ou agora descobertos, o Conhecimento para sua produção e utilização; a Informação, honesta ou desonesta, fez com que as pessoas quisessem ou não ir aos postos de vacinação e forneceu-lhes os dados, verdadeiros ou falsos, para formarem suas convicções e agirem. Opinião formada, alguns indivíduos vão além de sua esfera individual e procuram exercer influência sobre os demais, mesmo nos casos em que a opinião tenha se formado a partir de informações pouco confiáveis ou absolutamente falsas.

Notemos o papel central da Informação tanto na busca do Conhecimento quanto na formação da Opinião. Portanto, independentemente de seus valores, sua ideologia e seus princípios, a informação factualmente correta é fundamental para o acerto individual e coletivo na tomada de decisões. Assim sendo, é revelador do atual momento, o fato de que muitas pessoas abrem mão de informação profissional, séria e responsável, ainda que nem sempre imparcial, porque os fatos geralmente mostrados não referendam suas posições ideológicas. 

Essas pessoas buscam informações em meios de comunicações alinhados com suas ideias, porém sem nenhum compromisso com a veracidade, a checagem, revisão e confirmação das notícias. Aliás, a grande maioria não tem estrutura para essa tarefa, tampouco a intenção de fazê-la. 

Fatos são coisas reais. Determinado evento aconteceu ou não. Tal fala foi dita ou não. O contexto do fato ou da fala, decerto muda a interpretação e, portanto, deve ser explicitado, mas sua autenticidade é o requisito básico para sua aceitação. A partir daí, temos a liberdade de formarmos nosso juízo e externá-lo quando onde e como acharmos melhor. E quanto mais informações fidedignas tivermos, de diversas fontes, de diferentes perfis ideológicos, mais sólidos serão os fundamentos de nossa opinião. 

Em resumo, quando desenvolvemos senso crítico e submetemos a ele as informações recebidas, não há porque temer ler ou ouvir textos e vozes contrárias. A diversidade e a tolerância enriquecem o debate, aproximam os extremos e contribuem para a pacificação dos ânimos. É o que mais precisamos agora. Concordam?

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