Brinde aos namorados

Por Cristina Bonafé

BRINDE AOS AMORES

Uma sequência de sucessivos namoros. Assim podemos definir a vida. Namorar, depois se apaixonar ou se desiludir – sempre, desde a mais tenra idade.

Primeiro por mamãe e por papai. Esta é paixão para todas as vidas, desde pré-parto até pós-morte.

Depois, mais um namoro desponta nos primeiros passos, tateando, engatinhando… até que pegamos o gosto e não paramos mais de caminhar pelo mundo afora.

Já aprender a falar vem de um amor declarado, pois as palavras nos permitem manifestar o que amamos e rejeitar o que não queremos. Elas são mágicas! Têm o poder de trazer uma presença mesmo à distância. Daí para frente, não podemos mais viver sem elas. E a aprendizagem da escrita vem em seu encalço, para eternizar as palavras.

Namoramos livros, caneta, papel, professores, músicas, o celular inteligente que nos conecta ao mundo, times esportivos, o pet amigo-companheiro, o carro novo e o carro antigo, a casa dos nossos sonhos, o aconchegante cantinho do nosso lar, a reforma do espaço renovando tudo o que sentimos. Completamo-nos com as comidas, as bebidas e seus sabores; com as roupas que abraçam nosso corpo; com o trabalho ao qual nos dedicamos de corpo e alma; com o dinheiro que nos possibilita viver. Também nos enamoramos dos pássaros e de muitos outros que voam: borboletas, vento, avião. São nossa inspiração as flores, seus aromas, nuances e formas. Assim como nos encantamos com os rios, as montanhas, o mar. A água fresca da fonte e o sol ardente de luz. O brilho das estrelas e o frescor da chuva.

Maior ainda é o amor pelo que nunca vimos nem veremos, mas de forma inabalável cremos. Deus e as divindades se aproximam; neste namoro, vão marcando sua presença aos poucos, mas de forma profunda. Quando percebemos, estamos encantados.

Num canto especial, o amor infinito dedicado aos filhos. As crianças do mundo todo também podem viver neste cantinho amado.

Encontramos também amores calmos e duradouros nos amigos e nos irmãos, os de sangue e os que surgem durante a vida. Uma espécie de porto seguro, quer faça sol, chuva ou geada.

Já namorado ou namorada, noivo ou noiva, marido ou esposa são todos namoros que nos preenchem o coração de maneira viva e pulsante. Mesmo se viúvo ou viúva, é namoro que preenche o canto doce da lembrança eterna.

Entretanto se, por um erro de cálculo, estivermos dedicando nosso coração a um pretendente errático, melhor corrigir a rota. Conversar com deus Eros e pedir para que atire sua flecha em um alvo certeiro.

Grandes e verdadeiros amores são recíprocos e nos premiam com gratidão. Assim começam muitos destes namoros e alguns resultam em casamento por toda a vida.

Mas, se você se sente sem nenhum destes namorados ou namoradas, não se desespere. O amor por si próprio supera tudo e todos. Quer consigamos sucessos ou tenhamos fracassos, ele, este maravilhoso amor-próprio, estará sempre conosco nos incentivando a seguir. Jamais o deixe sumir! É este o amor que nos irradia a plenitude de estarmos vivos. E, então, percebemos que sem ele não vivemos. Entretanto, com ele, até descobrimos que amamos tudo o que temos ou que almejamos. Sim, somos todos também inevitavelmente flechados por deus Eros, desde que nascemos, por toda nossa existência.

Portanto, caro leitor e cara leitora, comemoremos muito o Dia dos Namorados! Em junho ou em qualquer dia do ano. Motivos não faltam. Encontre também o seu e façamos um grande brinde!

Sejamos todos muito felizes com nossos maiores amores que nos habitam!

Cristina Bonafé – Fonoaudióloga e escritora