Nós já tratamos aqui da expressão “saúde financeira”. Tal qual a saúde física, mental e emocional, ela compõe aquilo que a OMS (Organização Mundial de Saúde) preconiza como os alicerces de uma vida saudável e equilibrada. Tem, é claro, diferenças substanciais em relação às outras mencionadas e, para algumas pessoas, não têm a mesma relevância. É compreensível essa forma de pensar, porque, diferentemente das outras, a saúde financeira tem maior caráter subjetivo. A quantidade e disponibilidade de dinheiro ou bens, que faz uma pessoa feliz, ou se sentir segura, variam de indivíduo para indivíduo, de família para família e mesmo entre sociedades. O ranking do índice de felicidade dos habitantes não costuma seguir o ranking do PIB per capita ou do PIB total dos países.

Se o conceito de saúde financeira parece firmado, então, é possível estabelecer os comportamentos e atitudes que levam à sua perda, ou seja, as doenças ou patologias que levam as pessoas ao desequilíbrio e à instabilidade financeira com consequências em todos os outros aspectos da vida. É o que podemos chamar de patologias do dinheiro, que podem se caracterizar por excesso ou falta de atitudes. Vamos, a seguir, expor algumas delas.

 – Indiferença: a pessoa não sabe quanto ganha e gasta, nem para onde vai o seu dinheiro. Desdenha qualquer tipo de controle e planejamento. Acha que por ganhar pouco, o esforço não compensa e nem se justifica. Não quer saber, mas está comprometendo seu presente e, pior de tudo, o seu futuro. Em alguns anos estará na UTI do sistema financeiro. Torçamos para que encontre vaga.


– Desinformação: em seus financiamentos e investimentos não pesquisa taxas em instituições diversas e não busca conhecer, na profundidade necessária, os produtos disponíveis no mercado. Desconhece o extraordinário poder dos juros compostos tanto em suas dívidas como em seus investimentos. Acredita, piamente, nas sugestões do gerente de sua conta corrente. Desconhece a taxa de juros do cartão de crédito e do cheque especial. Não avalia os riscos envolvidos em qualquer operação de empréstimo, financiamento ou investimento. É presa fácil para vendedores de ilusões no mercado financeiro e pode comprometer seu patrimônio em operações irrealistas ou, no caso de dívidas, que exijam garantias reais. 

– Irresponsabilidade: vive trocando de dívidas para conseguir fôlego e suportar a pressão dos boletos, carnês e credores sempre em seu encalço.  Por isso, suas operações financeiras, além de constantes, são sempre em caráter de urgência e sob qualquer condição, por mais custosa que seja. Está numa bicicleta da qual não consegue descer nem parar até que alcance o abismo.

 – Imprudência: Acredita que sua confortável situação atual de renda, com necessidades básicas e de conforto atendidas, está garantida por dispor de emprego ou negócio estável. Gasta tudo o que ganha e não percebe os riscos de não compor uma reserva para os imprevistos, tampouco uma reserva para o futuro. Ao menor sinal de instabilidade ou perda momentânea de renda, só encontrará o caminho do endividamento ou perda de patrimônio.

 – Exibicionismo: antes mesmo de alcançar um mínimo de estabilidade, começa a gastar e consumir dentro da máxima “quem não se endivida e não corre riscos, não tem conquistas financeiras”. Já vimos que essa máxima não está de todo errada, se aplicada criteriosamente, mas se os novos bens só servem para mostrar status e trazer despesas, como são os casos de casas de veraneio, sítios, carros adicionais e clubes caros, então, a vaidade vai acabar se transformando em péssima conselheira.

 – Passividade: espera que alguém, ou um fato extemporâneo, traga a solução para seus problemas. Sonha, sem se mexer, com heranças, prêmios de loteria, o emprego ideal e até de uma ajuda dos céus. Deixa de ser o protagonista de sua vida, esquecendo-se de que os resultados alcançados dependem, principalmente, de suas próprias escolhas e atitudes. O tempo costuma ser cruel com essas pessoas. Ele passa rápido.

– Ingenuidade: está sempre à disposição para ajudar financeiramente amigos e parentes. Não sabe dizer não, colocando em risco suas finanças, seu nome e a própria família.  Isso gera, por vezes, graves conflitos com o parceiro (sócio ou cônjuge) É do tipo que empresta o cartão de crédito, o caminho certo para o desastre. Por fim, perde o amigo a quem ajudou.

Há outras patologias do dinheiro, mas se você fugir dessas já estará com meio caminho andado para sair do ZAP (Zona Avançada de Pobreza). Cuide-se. Vacina sim.

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